Eletrônica
Três grandes mitos eletroeletrônicos
O texto mais acessado e comentado do blog é aquele sobre o freezer trick, onde eu comento sobre um teste não muito recomendável que fiz com a bateria do meu notebook. Partindo da repercussão causada por aquele post pensei em fazer uma lista com outros mitos eletroeletrônicos. Lembrei de três que ainda hoje causam dúvidas e explicações engraçadas (recomendo procurar por estes assuntos no Google). Segue a lista:
1. Bombril (palha de aço) na antena interna melhora a recepção da TV
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foto: achei no Google Images |
Pois é, tem gente que acredita nisso. Inclusive gente que não deveria acreditar (colegas meus, engenheiros). Já chegaram a me dizer que o Bombrill aumentava a área da antena, por isso funcionava. Mas vamos lá, sobre antenas, antes de tudo lembre-se disso: λ = c/f (Comprimento de onda é igual a velocidade de propagação, normalmente se usa a velocidade da luz mesmo, dividido pela frequência).
Então, toda a teoria de antenas é baseada no comprimento de onda do sinal (e suas divisões 1/2, 1/4...) que se quer receber ou transmitir, a área dos elementos não é assim tão importante. Assim, o Bombril funcionaria apenas se ele aumentasse a antena no tamanho correto para a frequência do canal de TV que se quer melhorar o sinal. E o ganho neste caso é tão pequeno que nem será notado. Mas como acertar isso com um pedaço de palha de aço feita com vários fios de aço emaranhados? A probabilidade disso acontecer é muito (bota muito nisso) baixa.
É mais proveitoso modificar o comprimento da antena puxando os elementos, já que as antenas telescópicas foram feitas justamente pra isso. Sem esquecer de tentar apontar a antena para onde o sinal do transmissor estiver (antenas internas são dipolos de meia onda, veja o diagrama de irradiação no link).
Além disso o Bombril pode causar um curto-circuito na TV caso um dos seus fiapos de aço caia e passe pelos buracos de ventilação do aparelho.
Existe também a variação de que papel alumínio tem o mesmo efeito (mais comum em filme americano).
2. Video game estraga televisão
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Foto: Meu Intellivision II ainda funciona!! |
Todo jogador de videogame já ouviu isso (faz sucesso entre os pais). A primeira vez que ouvi foi na década de 80, sobre o Atari 2600, logo não vou comentar sobre as TVs de plasma e o problema do burn-in, que veio bem depois.
Apesar dos video games antigos terem um sinal de saída (ligados via RF, canal 3 ou 4, lembram?) com nível um pouco maior que o sinal de um canal comum (via antena), não é suficiente para causar dano a TV. Afinal elas tem AGC pra que? No caso de entradas de áudio e vídeo (RCA) o padrão é 1 Vpp, não tendo como queimar algo que foi projetado pra receber um sinal deste nivel.
Uma vez me falaram que talvez a lenda tenha surgido por causa do tempo em que as TVs ficavam ligadas. Toda TV (ou todo aparelho eletrônico) tem um tempo de vida até apresentar problemas, conhecido como MTBF. Então, com os video games as TVs ficam mais tempo ligadas, logo apresentarão falhas ao atingir o MTBF mais rapidamente. Parece uma boa explicação, mas isso não significa que foi o video game. A TV poderia falhar de qualquer forma, basta usar o tempo suficiente.
Outra vertente diz que esta história é mais um caso de "leite com manga faz mal": Com a TV (e o video game) ligada por mais tempo, a conta de energia elétrica aumenta. Logo foi preciso arranjar uma desculpa pra tirar as crianças da frente dos aparelhos.
3. Garrafa dágua em cima do padrão de luz diminui a conta de luz
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foto de Harley Esteves |
Eu realmente preciso comentar sobre este item? Sério? Quem acredita nisso?
Muita gente acredita... Aqui em minha cidade é só dar uma volta por aí pra se ver várias garrafas dágua em cima dos postinhos de entrada de energia das casas.
Existem variações, como aquela onde dizem que uma garrafa maior (de 2 litros, por exemplo) economiza mais que uma "caçulinha". E vale até saco plástico cheio de água também, amarrado ao poste ou aos fios de energia (esse último me parece perigoso, mas eu já vi alguns).
A melhor explicação para o surgimento desta lenda é a descrita pelo e-farsas: Uma mulher colocava uma garrafa dágua sobre o padrão de luz para que o cara que fazia a medição pudesse beber. Em retribuição o cara anotava uma leitura menor.
É uma excelente explicação, embora não se encontre maiores detalhes da história (onde aconteceu, quando, etc..)
P.S.: Este post estava guardado como rascunho faz tempo (um ano e pouco). Por algum motivo eu nunca conseguia escrever tudo. "Dava branco", escrevia um pouco, apagava, recomeçava. Agora acho que foi, se eu não mudar de idéia...
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